segunda-feira, 28 de maio de 2012

Berimbaus


Abril de 2010
foto: Mila Vilá

domingo, 6 de maio de 2012

Extensão em capoeira angola apresenta filme Barravento de Glauber Rocha


O projeto de extensão Quilombo Angola – capoeira antiga de angola apresentará nesta segunda-feira, dia 7, a partir das 18h, no Cineclube Coxiponés, o filme Barravento, de Glauber Rocha. Barravento é o primeiro longa-metragem dirigido por Glauber Rocha, em 1962. A história acompanha um negro educado que volta à aldeiazinha de pescadores em que foi criado para tentar livrar o povo do domínio da religião. Após o filme, será realizada uma grande roda de confraternização.

O filme conta com a participação e música de Washington Bruno da Silva, conhecido como mestre Canjiquinha, um dos maiores capoeiristas da Bahia e um grande colaborador e preservador desta arte. Mestre Canjiquinha nasceu em 25 de setembro de 1925, no Maciel de baixo, número 6, Pelourinho, Salvador, Bahia. Faleceu em 8 de novembro de 1994, aos 69 anos.

Canjiquinha, que ganhou este apelido por gostar de um sucesso da cantora Carmem Miranda, o samba "Canjiquinha quente", começou a jogar capoeira aos 10 anos de idade com o mestre Raimundo Aberrê. Era apaixonado pelo samba, batuque, folclore, Maculêlê, além de ser um exímio tocador de berimbau e cantor. Atuou nos filmes como Capitães de Areia, Barravento, Senhor dos Navegantes, Terra em Transe e o Pagador de Promessas.


Cine Capoeira - Durante todo este ano, o projeto de extensão Quilombo Angola apresentará toda primeira segunda-feira de cada mês um filme ou documentário que conta a história da capoeira e de seus principais mestres.

Quilombo Angola recebe visita de Mestre Bidu


O Projeto de extensão Capoeira Antiga de Angola – Quilombo Angola - recebeu ontem, 05 de maio, no Centro Cultural da UFMT, a visita de Alvino Souza Santos, o mestre Bidu, de 68 anos.  Mestre Bidu aproveitou a ocasião para contar para os alunos da extensão sua vivência no universo da capoeira, a importância de conhecer e valorizar essa cultura, assim como os seus fundamentos e, sobre a organização do Fórum Pro Capoeira – Política e Salvaguarda da Capoeira no Estado de Mato Grosso, reunião que acontecerá no próximo dia 12, na sede do IPHAN Mato Grosso e terá a participação de todos os grupos de capoeira de Cuiabá.

Para o mestre, esse é o momento da capoeira se reforçar e se organizar como cultura, como resistência, e valorizar sua história, sua raiz e seus fundamentos. “A capoeira pra mim não é luta, não é dança. Pra mim, a capoeira é arte. Antigamente para você ser mestre dependia de vivência, de conhecer todo o universo da cultura africana, todos os fundamentos dessa arte. Hoje isto tem se perdido um pouco. As academias tem se preocupado apenas com o lutar capoeira e tem deixado de lado seus fundamentos, sua história, sua cosmovisão da cultura africana”, afirma o mestre.

Mestre Bidu lembra que na época que ele era aluno, nas academias de capoeira se ensinava a história da capoeira, os professores levavam livros, fotografias e filmes para mostrar para os alunos e o aluno sabia, além de jogar, todos os toques do berimbau, do atabaque e dos outros instrumentos da roda. “Você pegava aquele aluno tímido e de um momento para outro, ele estava cantando, batendo palmas. Quando a gente menos esperava, ele já estava pulando, jogando, no ritmo da música”.

Sobre o Fórum Pro Capoeira, a opinião do Mestre Bidu é que os grupos devem se organizar da melhor maneira possível e deixar de lado as diferenças para fazerem um trabalho coletivo em benefício da capoeira. “Temos que exigir um representante nosso na Secretaria da Cultura para que quando os nossos projetos forem pra lá termos a possibilidade de eles serem bem julgados e avaliados. Vamos deixar o eu de lado e ser o nós. Quando virarmos nós seremos um Quilombo dos Palmares”, completa.


Associação Roda Viva – Mestre Bidu lembrou de histórias da capoeira da década de 80, quando mestre Olavo comandava em Cuiabá, em sua primeira passagem pela cidade, a Associação Roda Viva. Na época, Bidu era aluno de Mestre Heron, mas também frequentava a Asssociação Roda Viva. “A academia era na casa dele. Ele morava no fundo e a academia era na frente. Lá ele tinha todo material de musculação também, o treino era puxado e lá se ensinava os fundamentos da capoeira”.
Sobre esses fundamentos, Bidu conta que na academia de Mestre Olavo tinha aulas de afoxé, de maculêlê e todo aluno que passava por lá tinha que saber tocar os instrumentos da roda e cantar. “A academia dele (mestre Olavo) era de fundamentos, de simplicidade. Todo aluno do mestre Olavo sabia tocar o instrumento. Tinha que saber tocar o agogô, o atabaque, o berimbau e o pandeiro. Dalí não saíram só capoeiristas não. Dali saíram grandes percussionistas, como Josué”, declara.

Nas palavras do mestre Bidu, além de tocar e cantar, mestre Olavo formava o angoleiro completo, aquele que também na hora do jogo sabia atacar e se defender. “Mestre Olavo não era um acrobata, ele era preciso. Ele estava jogando aí ele falava pra gente: - cuidado. Aí quando a gente menos esperava ele pegava a gente. A primeira vez que ele foi pra Bahia, muitos alunos daqui o acompanharam”.

Sobre os ensinamentos que recebeu de mestre Olavo e que carrega durante toda sua vida, Bidu conta que o principal foi ser humildade e estar sempre atento. “Mestre Olavo nunca incentivava a violência. Para ele, o capoeirista tem que ser humilde como uma criança. Estar sempre atento com os olhos abertos, observando tudo. Porque ele não sabe o momento da bonança e da tempestade. Isso ele ensinava a nós”.

Para finalizar Mestre Bidu agradeceu a oportunidade de falar para jovens capoeristas e disse que está feliz por ver um trabalho do Mestre Olavo em Cuiabá ter continuação. “Vocês devem aproveitar e valorizar isto daqui. Vocês têm um grande mestre e isso não pode se perder. O mestre Olavo não pensa na ponta do pé, ele não enxerga o umbigo, ele pensa lá na frente. Ele é um verdadeiro mestre, um mestre que abraça a causa, que veste a camisa. Eu não tenho o mestre Olavo só como mestre, ele é um paizão”.